Abstrato...


 
 
Admiro a pintura
Retrato de ti meu amor
Passam-se horas que divago
Transportas-me para longe
Para aquele momento
Sim aconteceu
Fizemos aquele momento tão só nosso
Que revivo na memória
 
Palavras
Se nem as palavras expressam o sentir
Como uma folha que cai lentamente
Sem presa retêm a envolvência
Sente os aromas no ar
A brisa que a faz estremecer
Até se debater contra a cama
Já feita por outras folhas e lá permanecer
 
Esta cama meu refúgio
Admiro a tela
Se pintor não quero ser
Pinto o momento de cores até morrer…

Talvez...


 
Talvez um dia
Perceba que tudo o que fiz estava errado
Até lá
Tudo é perfeito…
...
 

Estou aqui...


 
Apenas eu espera por ti
O barulho do silêncio incómoda
A brisa que passa
Na chama da vela que ilumina a escuridão
Serás tu
Quem caminha na pedra da calçada
 
Apenas eu
Na ânsia do teu chegar
 
O toque lábios
Arrepio na pele a sede do teu beijar
Coração palpita acelera
Seduz-me o teu olhar
Inspiro fundo expiro
Sinto a paz do teu amar
Apenas eu
Onde estás tu no meu esperar
Apenas eu…
 

Queda Livre...



Linhas desacertadas
Invariáveis sobrepostas no desígnio do amor
Cumplicidade raio de sol
Olhos de luz desejo ou prazer
Êxtase ou paixão
Explosão nesta que é a nossa fusão
 
Imaterial união
Minha alma teu preço pede o coração
Sensação de leveza
 
No regresso somos queda livre
Segura minha mão
Confia
Nesta nossa queda cai-mos como um…
...

Horizonte...



Quando alma se embacia
Sabio é o silêncio
Como só ele sabe ser belo
Sussurra meus botões
 
Ecos meu silêncio
 
Entoam no horizonte
 
Horizonte apenas horizonte
Olhar que vê sem se ver
Semblante que agora precede
Sorriso horizonte é noite...
...
 

Silêncio...



Silêncio que o rio canta
Melodia que fica
Sem que a leve o vento
 
Rio acima ao sabor do desejo
Prazer que me invade
Melodia ritmo intimidade
 
Sensualidade cada recanto
Vales montanhas assim seu leito
Silencio meu cúmplice
Nesta viagem não quero parar
 
Viajo por ti
Em deleite só o silêncio
Retido fico
Encanta melodia nosso amar…
 

Momento...



Agora é o momento
Inventarei se não sou inventor
Apenas construtor sonhos
 
Divago no que podia inventar
Se estivesse a sonhar
Acordado estou apenas divago
 
Mas sei que é o momento
Estando a divagar
Sei o sonho jamais irá acabar
 
Assim sonharei eternamente
Aquele momento
Em que te pude abraçar…
 

Caminhos...


Ausência
Sem a força do teu abraço
Toque teu olhar

Se paralelos longínquos
Que os vejo sem fim
Mas sinto-te tão perto mim 

 Sinto aquele aperto
 Abraço beijo sem fim
 Doce agora amargo sabor de ti 

 Paralelos de um cristal fino
 Se o vento é apenas vento
 De norte chegas até mim...Se paralelos longínquos
Que os vejo sem fim
Mas sinto-te tão perto mim

Sinto aquele aperto
Abraço beijo sem fim
Doce agora amargo sabor de ti

Paralelos de um cristal fino
Se o vento é apenas vento
De norte chegas até mim...

 

Tic tac...

    
      
      Que o tempo passa não passa
     Voa não voa
     Apenas não passa

     Saber estar com o tempo
     Passa ou não passa
     Se passa para alem do que vejo passar
    

     Mas não passa

     Se a espera angústia
     Porque é feita do tempo que vejo voar
     
Angústia do não te puder abraçar

     Voa ou passa
     O tempo que sonho
     Nesta ânsia do por ti esperar


     Apenas passa     

     Passa que o tempo passa
     Passe ou voa
     Em mim não passa o ímpeto de te amar...

     ...

Teus Olhos...



Fala-me tua alma
Sem o dom das palavras

Fala-me teu corpo
No arfar do coração
 
Fruto da luxuria
Ou volúpias de prazer

Entoam-se os ecos
Reclamam os silêncios

Melodia da brisa
Por entre o hiato de cada eco
 
Falam-me teus olhos
Sinto, sentir que agora sentes…
 

Desculpa...



Se sou doido tolo marado
Se por vezes a loucura não é sã
Penso sem pensar no amanha
 
Se és a minha vida
Ainda assim sem reflexão
Pesa o irracional do coração
 
Sei para onde vou
Talvez por caminhos trocados
Sê minha luz, minha guia
 
Minha tola tarada marada
Desculpa se te amo
Assim me dita o coração…
 
 

Puta (parte II)...


 
Viajo pelo inconsciente
Ou pelo consciente do meu ser
Paro ao lado de um placard
Diz “assistência”
 
Arvore desfolhada
Corpo tronco a nu
Morreu-te o consciente
Se te manténs inconscientemente enraizada
 
Pergunta o inconsciente ao consciente
Será que não pagou portagem?
Portagem p'ra vida, chuva ou alimento
Ali está a nu
Será esperança a luz da sua sombra
 
Diz o inconsciente
Segue viagem sem pagar portagem
Diz o consciente a nu
Bom preço tivesse
Fosse apenas a luz da sua sombra meu sofrimento
Se me alimenta a alma
Me preenche
E em mim permanece
 
Passei a portagem
Diz o inconsciente, desculpa
Responde o consciente, não me causes dor
A nu a árvore ali permanece
Onde estás tu?
Que em mim enraizada me trazes saudade…
 

"Puta"...


 
Fosse só comer chocolate
O saciar da gula
Não fosse ela puta
 
És puta, que não me tentas
Sofrer do silêncio
Sem pronuncio as palavras
 
Audácia que me amordaça
Este som ensurdecedor, que me zomba
E me enlouquece
 
Assim contigo vivo, minha puta
Trago-te em mim
Afagas-me as lagrimas
 
Terás tu um preço, diz-me minha puta
Sem ti, amor
É puta, vício, a saudade…
 

Admiro-te...



Admiro-te sem amanhã
Como se tudo agora parasse
No teu sono profundo
Só não para o teu respirar

Admiro-te como admiro
Esplendor do sol emergente
Germinar orquidia selvagem
Um novo eclodir violeta

Admito-te como admiro
Azul do mar cristalino
Irromper das ondas na fraga
Goticolas agua salgada

Admiro-te porque te amo
No teu mundo perfeito sonhos
A teu lado beijo-te a tez
Admiro o teu despertar...
...

Amor...

 
Teus olhos castanhos
Minha luz madrugada
Esguia em suaves curvas
Caminhos teu corpo
Percurso até teus lábios
Intensos
Doces suaves molhados
 
Desejo em teu olhar
Sacias-me com o teu beijar 
Agora tu meu respirar
Coração bate
Rende-se ao tempo
A teus olhos castanhos
Minha luz 

Se poeta em teu corpo sou
Neste poema até morrer…

Inacabado...



Vivo o hoje
Sem receio do meu amanha
Se o amanhã és tu
 
Tu, apenas tu
 
Se te amo
Amar-te-ei
Como um sonho
Voluptuosamente inacabado…

Farol...

 

Ponto referencia á navegação
Sinais sonoros de dia
Cem freixos de luz na escuridão
Perigo costa rocha ou paredão 

Se te aviso te levo
A bom porto rota ao navegar
Assim interiorizo te guio
Até mim faço chegar
 
Em mar alto tempestades
Aguas calmas despertas paladares
Sei até mim chegas
Sei te guias ao meu chamar 

Se me guias te vou guiar
Se te perdes me irei perder
Se te afastas bate o pendulo da saudade
Farol serei até te ver…
...
 
 

Vento...


     Poro a poro
     teu vento do norte sopra
     teu cheiro teu corpo
     foz agitada em deleite

     Como onda agitada
     volúpia de prazer teu ser
     coração no peito implode
     tempestade de ti

     Acalma-se o vento
     ao mar o corpo implora
     ao sol ri

     Vento do norte
     teu cheiro permaneçe no ar
     bando de gaivotas planam

     Teu corpo
     na foz ficou em mim
     vento do norte...