São Martinho…





Ao longe já lhe sinto o cheiro, no ar que respiro,
Procuro-te perdidamente pelas ruas da cidade…
Procuro, rua sim, rua não, na esquina da travessa,
De onde vem este cheiro que me invade a alma,
Este cheiro já o sinto desde criança, a cada esquina.
Outrora para lá da copa treparia, apenas ouriços,
Envoltos em folhas verdejantes, roda de cores,
Ainda sinto a dor, sinto o toque naquele espinho,
Já não se vê verde, abunda um emaranhado de cor,
Dos amarelos, castanhos, ouriços caídos, perdidos,
Das velhas tradições, á alegria da simples apanha.
Celebramos mais um ciclo da vida, uma estação,
Celebramos o Outono, as folhas caídas, esquecidas.
A volta da fogueira, esperamos, o convívio sentimos,
A família, os amigos, a alegria que é a nossa partilha.
Assim é vivenciar este dia, a comer a doce castanha. 

Procuro-te perdidamente pelas ruas da cidade…
Procuro, rua sim, rua não, na esquina da travessa,
Procuro, no meu baú de velhas e novas memórias,
Carvão incandescente, o estalar do punhado de sal,
Os pequenos golpes, envoltas em paginas amarelas,
Procuro, rua sim, rua não, na esquina da travessa,
O irresistível e doce cheiro da castanha assada.